sábado, 24 de fevereiro de 2007

Exercício de Epistemologia


Na História da Filosofia e em casos do dia-a-dia encontramos muitos exemplos de reflexões sobre o conhecimento. Quero aproveitar esse fato para propor um exercício livre sobre uma das reflexões que vou registrar nas próximas linhas. Espero que tal atividade seja, ao mesmo tempo, uma oportunidade de reflexão, um momento para exercitar certo senso de humor, uma mostra de como pensamos o problema do conhecimento.

O que fazer

A proposta é a de que vocês considerem as reflexões que seguem, escolham uma delas e produzam (na forma de comentário) uma comunicação criativa e reflexiva sobre a dita cuja.

Casos para refletir

· Caso 1: versos de Lupicínio Rodrigues

O pensamento parece uma coisa à toa
Mas como é que a gente voa quando começa a pensar

Lupicinio é um grande compositor brasileiro. Compôs muitos sucessos, sobretudo canções de “dor de cotovelo”. Os versos aqui citados são da canção Felicidade. A observação do compositor é interessante. No cotidiano não nos preocupamos com o pensar. Saber, ter conhecimento são coisas tão comuns como respirar. Acontecem. Mas, se a gente começa a pensar sobre o pensar surgem mistérios, admiração, encantamentos, dúvidas. E quando isso acontece, voamos, começamos a filosofar.

· Caso 2: pensamento de Pascal

O homem é um caniço pensante

Blaise Pascal foi um gênio que morreu jovem. Inventou uma máquina de calcular. Formulou os princípios de probabilidade em estatística. Escreveu um livro de filosofia com o título de Pensamentos. A frase aqui reproduzida aponta para um contraste. Os seres humanos são frágeis. Podem ser comparados com caniços, fracos pendões de capim que se curvam diante da brisa. Mas esse ser frágil pensa. E o pensar é uma fortaleza, um mistério, uma força imensa, um poder capaz de dominar o mundo. Contradição: essa criatura frágil produz algo que nenhum outro ser produz, conhecimento.

· Caso 3: verso de Paulinho da Viola

As coisas estão no mundo
Eu só preciso aprender

Acho que não preciso apresentar Paulinho da Viola. Grande compositor brasileiro, Paulinho é uma simpatia que produziu alguns dos maiores clássicos de nossa música popular. Nas horas vagas, o compositor é um aplicado marceneiro. Os versos aqui citados são da canção Coisas do Mundo. Paulinho propõe um caminho de conhecimento bastante sintonizado com a epistemologia. Não fala de um conhecimento pronto do qual possamos nos apropriar. Fala de um conhecer que se constrói na ida do sujeito para o objeto. A tese do Paulinho é mais informada que muitos livros de didática que falam em “aquisição de conhecimentos”. O poeta vê o saber como uma contínua volta ao objeto do conhecimento.

· Caso 4: afirmação do filósofo Protágoras

O homem é a medida de todas as coisas


Protágoras é um dos sofistas, sábios da antiga Grécia que, por um pagamento previamente contratado, educavam cidadão que pretendiam ingressar na vida pública, na política. Ensinavam oratória, argumentação, a verdade. Os sofistas levaram a filosofia para as ruas e quiseram fazer dela um assunto do cotidiano. Anthony Gottlieb em seu magnífico livro de história da filosofia, The Dream of Reason, assim comenta a famosa frase de Protágoras:

O que eu percebo é verdade para mim, e o que você percebe é verdade para você. Ele (Protágoras) afirmava que não há verdade a respeito do mundo da experiência cotidiana, mas isso não significa que não exista nenhuma verdade. Muito pelo contrário: há uma abundância de verdade. Pois o que cada pessoa percebe é verdade para ela. Esse modo de ver é conhecido como relativismo. (pg. 119)

· Caso 5: frase famosa de Descartes

Penso, logo existo.

René Descartes foi grande matemático (entrou em nossas vidas com equações, inequações e eixos cartesianos). E além de matemático, nosso amigo dos tempos da sétima e oitava série é reconhecido como o pensador que inicia a filosofia moderna (começo dos anos 1600). A frase de Descartes é pronunciada depois de um longo trecho de O Discurso do Método (principal obra filosófica do autor) apontando dúvidas quanto à capacidade humana de conhecer verdadeiramente as coisas que nos cercam. Ela parte do pensar como argumento para afirmar a existência. Há aqui um passo importante para valorizar a razão humana como fonte de todo o conhecimento. Essa afirmação da razão é uma das molas da ciência.

5 comentários:

Anônimo disse...

Em sala de aula trabalhamos o texto:As coisas estao ai e só preciso aprender. Foi uma forma interessante de entender alguma coisa sobre Filosofia. Precisamos descubrir como as coisas funcionam e nao achar que estamos prontos para tudo. Afinal nunca saberemos o que nos espera, estamos em constante mudança. Jarbas,eu adoro suas aulas. É muito bom tê-lo como professor. Lucielaine-3apgn7

Anônimo disse...

Fábula sobre Descartes
(Qualquer semelhança com a realidade será uma mera conhecidência)

Um homem estava tentando entender a essência de todas as coisa, após muito pensar ficou cansado e adormeceu.
Sonhando viu uma paisagem muito bela,aliás mais bela do que ele jamais havia visto. Deslusbrado sentou no chão e descançou o corpo agora muito leve no gramado macio e ouvio o canto de pássaros, de cor azul anil, que lhe soavam com uma valsa.
Quando acordou estava sentado à mesa perto de uma janela que dava para um vasto jardim, mais ele não conseguia ver os pássaros porque estavam escondidos nas árvores e o som que ele agora ouvia já não era tão forte como o dos minutos anteriores.
Derepente ele pensou:
- O que é mais real ? Meu sonho que impressionou meus sentidos ou essa chamada realidade que tão pouco me impressiona agora ?
E ao pensar isso muitas outra dúvidas se formaram ...ele na verdade começou a questionar quais são as caracteristicas da realidade. E um pensamento estranho lhe formou:
Será que eu sou real ou sou apenas um personagem de uma estória ? Será que eu existo?!!
Depois de estar com a cabeça doendo de tanto pensar ele chegou a uma única conclusão.

Penso, logo existo!

Veridiana
3APGN - 2007

Anônimo disse...

Eu tive Filosofia durante dois anos no colégio e nunca consegui entender nada e por isso passei a não gostar da disciplina.
Hoje, no terceiro ano de Pedagogia, estou começando a compreendê-la e mais, estou percebendo que é mais fácil do que parece.
No exercício livre sobre eistemologia pudemos aprender muitas coisa, por meio de uma atividade descontraída e muito interessante.
Neste exercício pudemos compreender muitos conceitos, utilizando versos, pensamentos ou afirmações de alguns pensadores e autores para produzir uma comunicação criativa e reflexiva (poema, jogral, música, peça teatral, fábula, etc.)
Todos os grupos entenderam a proposta e produziram coisas muito interessantes e persistentes ao assunto da aula.

Nathália O. Buesa 3apgn7

Unknown disse...

Sinceramente, quando vi na grade curricular que teríamos Filosofia, me apavorei. Tive essa matéria apenas no 2ºano do ensino médio, mas foi o suficiente para me apavorar, nunca consegui ebtebder nada e meu professor não era lá um exemplo. Mas como venho aprendendo ao longo desse dois anos no curso de Pedagogia, muitas experiências que antes nos foram traumatizantes podem ser revividas hoje de uma maneira bem mais agradável e significativa. Por isso, gosto de dizer que nunca tive essa matéria, com o profº Jarbas estamos vendo tudo do zero, toda a história, toda a essência. Então eu posso dizer que estou pegando gosto pela matéria.
Jarbas adoro sua aula e graças a você também estou adorando Filosofia.

Unknown disse...

FÁBULA SOBRE CONHECIMENTO-PAULINHO DA VIOLA
Há muitos e muitos anos o filósofo grego Sócrates disse: "só sei que nada sei". Posteriormente, Shakespeare disse, "o bobo se acha sábio, mas o sábio se sabe um tolo".
Quanto mais conhecimento se tem, mais se percebe o quanto um assunto pode ser amplo, quantas variáveis podem existir, quantas idéias podem surgir e isso vai se multiplicando em progressão geométrica.
O conhecimento e seu estudo são a base do progresso, das novas idéias, das mudanças individuais e sociais que dia a dia ditam o rumo da humanidade.
Anália Carolina Alves, 3apgn